O Falsificador do século expõe em MuniqueA história de Wolfgang Beltracchi é menos convencional do que seu próprio estilo hippie sugere. Aos 63 anos, ele já foi chamado de gênio da pintura e de "falsificador do século". Seu galerista, Curtis Briggs, o descreve como o "Robin Hood da arte". |
Depois de passar cinco anos na prisão por falsificar
obras de gênios da pintura, Wolfgang Beltracchi está de volta com a primeira
exposição de quadros próprios em sua carreira – e causa furor no mercado das
artes.
Depois de passar cinco anos na prisão por falsificar obras de gênios da pintura, Wolfgang Beltracchi está de volta com a primeira exposição de quadros próprios em sua carreira – e causa furor no mercado das artes.
Ao longo de mais de 36 anos, Beltracchi produziu 300 obras ao estilo de grandes mestres como Picasso, Gauguin e Monet. Infelizmente, ele também assinou esses quadros com o nome deles, em vez do próprio. Sua esposa, então, ventia as pinturas.
O casal criava histórias sobre a procedência de quadros considerados
desconhecidos: elas seriam parte de uma coleção que pertencia à família. Como
prova, criaram até fotos em estilo antigo.
"Eu mesmo fiz a cola para as etiquetas da coleção, com
restos de ossos e materiais orgânicos, assim ninguém notaria", explica
Beltracchi. "Sempre achei interessante ir a museus — mesmo o MoMa — e ver
meus trabalhos lá", diz ele, piscando o olho.
Em torno de 250 obras em todo o mundo ainda não foram descobertas. Mesmo pessoas conscientes de que possuem alguma de suas falsificações preferem se manter em silêncio. Afinal, milhões de dólares estão em jogo.
Ultrapassando os mestres
Figura B - Beltracchi: "Não há artista que eu não consiga reproduzir" Foto: DW/B. Kolb |
Mais talento do que modéstia
Só que agora ele assina as próprias telas: W. Beltracchi. Em um trabalho inspirado por Max Ernst, chamado Rauhnächten, ele escondeu um coelho em referência a Joseph Beuys. Segue, portanto, um piadista.
Tanz auf der Treppe (Dança nas Escadas) foi inspirado em uma pintura de 1913 de Fernand Léger, mas agrupa personagens como os quadros de Oskar Schlemmer. Essa foi uma pintura que Beltracchi concluiu em três ou quatro dias.
E ele afirma que não há artista que não consiga reproduzir. Precisa apenas estudá-los bem. "Pintores renascentistas são mais difíceis do que artistas modernos", diz. Modéstia não é o seu forte.
Figura C - "Tanz auf der Treppe" Foto: Wolfgang Beltracchi |
Figura D -"Homage to Mussorgsky" Foto: Wolfgang Beltracchi |
Para muitos, o estilo de Beltracchi é cópia pura.
Definitivamente, ele não se prende a um estilo só. Até sua assinatura é
diferente em cada quadro, adaptada ao trabalho.
"Simplesmente não tem graça pintar sempre a mesma
coisa." Ele diz que busca combinar pinturas do passado, do presente e do
futuro.
Hoje em dia, Beltracchi tem ares de pop star. Celebridades
fazem fila para serem pintadas por ele. Junto com a esposa ele já publicou dois
livros e trabalhou em documentários. Escritores americanos enviam roteiros para
séries sobre sua vida.
Ele continua pintando em seu estúdio, em Montpellier, no sul
da França. Ele considera a luz do lugar particularmente inspiradora.
Depois de anos atuando às escondidas, Beltracchi pode pintar livremente. Ainda assim lembra com nostalgia do passado. "Era divertido ficar em segundo plano, numa vida rica e tranquila. Agora estou pobre e não tenho tranquilidade, não é tão bom", diz. Até 2017, ele precisa pagar 20 milhões de euros aos credores, e um liquidante coleta todas as suas receitas.
Figura E - O pintor e a esposa, Helene Beltracchi. Foto: Franziska Beltracchi |
O mercado quer Beltracchi
Bettina Kolb para a Deutsche Welle em 11 maio de 2015 https://p.dw.com/p/1FMxy
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