terça-feira, junho 18, 2024

Gravações rupestres gigantescas na América do Sul

 O enigmático significado das gravações gigantescas em pedras que intrigam arqueólogos

Um grupo de pesquisadores da Colômbia e do Reino Unido documentou a maior arte rupestre do mundo em uma área próxima ao rio Orinoco, entre a Colômbia e a Venezuela

Os desenhos gigantes feitos na rocha, “entre os mais enigmáticos do mundo” segundo a equipe arqueológica, mostram grandes cobras – jiboias e sucuris – com até 40 metros de comprimento e outros animais ou figuras geométricas.

Águas barrentas do Rio Orinoco

“Eles são muito maiores que um humano adulto em várias dimensões e estão distribuídos ao longo do rio Orinoco, num ponto que no passado foi uma área de intenso contato e interação entre diferentes grupos étnicos e linguísticos”, explicou à BBC Mundo Philip Riris, professor de modelagem arqueológica e paleoambiental na Universidade de Bournemouth, Reino Unido.


“Em escala global, isto é único. Não há nada como isto”, disse o arqueólogo Philip Riris.

Riris investigou essa arte nas rochas com os colombianos José Oliver e Natalia Lozada Mendieta, e os resultados foram publicados na revista científica Antiquity no dia 4 de junho.

O local fica no entorno de uma área chamada Rápidos de Atures, nos dois lados do Orinoco, na fronteira entre a Colômbia e a Venezuela.

O ecossistema daquela região do Orinoco é a savana, extensas planícies, com elevações abruptas de granito chamadas inselbergs ou "montanhas-ilhas" que, embora difíceis e perigosas de escalar, não é impossível de se conseguir.

A geografia em torno do médio Orinoco permitiu a realização dos desenhos

“São pretas, muito, muito pretas, mas essa não é a cor natural da rocha, mas sim uma mancha bacteriana”, disse o especialista.

Ele acrescentou que não é preciso muito esforço para raspar a camada superior e encontrar a cor natural da rocha, que é branca ou cinza bem claro, razão pela qual há séculos as pessoas podiam criar os desenhos esculpindo em pedra.

“Embora as gravuras sejam muito grandes, na verdade não são muito profundas, podem ter um ou dois milímetros no máximo”, acrescentou Riris.

“São pretas, muito, muito pretas, mas essa não é a cor natural da rocha, mas sim uma mancha bacteriana”, disse o especialista.

Ele acrescentou que não é preciso muito esforço para raspar a camada superior e encontrar a cor natural da rocha, que é branca ou cinza bem claro, razão pela qual há séculos as pessoas podiam criar os desenhos esculpindo em pedra.

“Embora as gravuras sejam muito grandes, na verdade não são muito profundas, podem ter um ou dois milímetros no máximo”, acrescentou Riris.

Os pesquisadores não têm certeza sobre a data exata, mas acreditam que os desenhos foram feitos entre os anos 1000 e 1500

"Acreditamos que estavam registrando algum aspecto da territorialidade ou da identidade social, ou ambos. Há um aspecto da territorialidade que é: 'Este é o nosso território'. É para excluir, como um sinal de alerta", disse o arqueólogo.

“Mas também, se você sabe o que a cobra significa ou se a cobra ou os motivos têm significado para você, então é um sinal de que você está entre amigos.”

Os investigadores documentaram desenhos de serpentes de até 40 metros de comprimento

Riris explicou que cobras gigantes aparecem em vários mitos indígenas do norte da América do Sul e muitas vezes representam divindades criadoras.

Rápidos de Atures

“Quando o mundo foi criado e tudo era água, as cobras foram as primeiras a surgir. Ao viajarem pelos rios, elas também os criaram, metaforicamente falando”, explicou.

“Pelo formato das canoas e porque as canoas também navegam nos rios, as cobras às vezes são chamadas metaforicamente de canoas, por serem recipientes de pessoas, e também por terem uma associação com o aspecto reprodutivo feminino, porque as mulheres carregam uma pessoa durante a gravidez", acrescentou.

O pesquisador José Oliver diante das rochas onde estão alguns dos desenhos rupestres gigantes

O pesquisador afirma que, entre o ano 1000 e a chegada de Cristóvão Colombo à América, a região do médio Orinoco foi povoada de uma forma que descreve como “intensa” e por isso existe um grande número de sítios arqueológicos ao redor.

"Arte rupestre como esta, material que comunica deliberadamente identidade ou sinaliza territorialidade, não surge no vácuo. Tem que ser uma resposta a alguma coisa. Quando há uma paisagem relativamente densamente povoada, seria de esperar que arte rupestre como esta aparecesse, " ele explicou.

Os pesquisadores acreditam que no futuro serão encontrados mais locais monumentais de arte rupestre ao longo do rio Orinoco e seus afluentes.


Felipe Llambías para BBC News em junho 2024


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